– Você viu aquela morena
gostosa, de olhos rasgados, que
passou por aqui ainda agorinha?
– Vi. Vi, sim. Uma
gata.
–
Ela é americana.
– Mas de que país?
– Como assim, de que país? Ela é americana, já disse.
–
Meu caro, ao referir-se a ela como americana, você poderá estar dizendo
que a gatinha tanto pode ser salvadorenha quanto uruguaia. Tanto canadense quanto equatoriana. Americanos somos todos nós que habitamos
neste imenso continente, das Aleutas à Terra do Fogo.
– Tudo bem, tudo bem. Então digo que ela é norte-americana, ok?
– Não tão ok
assim! Ela, então, pode ter nascido no
Canadá. Ou você não sabe que o Canadá
fica na América do Norte? Além do México
e da Groenlândia, é claro.
– Certo, certo. Ela é
estadunidense e pronto. Vale?
– Se vale, não sei.
Se ela é estadunidense, então ela tanto pode ser de Nova Iorque quanto
de Acapulco.
– Mas Acapulco fica
no México!
– Isto mesmo. Mas o México também se chama Estados Unidos. Estados Unidos Mexicanos. Assim, todos os mexicanos também são
estadunidenses. Nós brasileiros também já fomos estadunidenses. Por quase oitenta anos.
– Que saco! Você me
exaspera. Você sabe muito bem o que eu
estou querendo dizer. Mas, somente para
atender aos seus caprichos, digo que ela é ianque.
– Agora você pode estar
restringindo demais. Você tem certeza de
a gata gostosa é mesmo de um dos estados no norte dos Estados Unidos da América? Afinal, em seu sentido original , ianque
significa...
– Chega! Chega!
Serei bem preciso. A morena gostosa é havaiana. Portanto, é americana, ok?
– Ah! A gostosa vem
do Havaí, que fica em pleno Oceano Pacífico, nos confins da Oceania?
- Isto.
– Então, por ser oceânica, ela não é obviamente americana...
